Marcela Neves Duzi está inconformada com a morte da mãe (Marcos Leandro/Tribuna Araraquara )

Maria Clara Marques Gomes, 50, morreu horas depois de ser diagnosticada com a doença


Um dia depois de ser diagnosticada com a dengue, a nutricionista Maria Clara Marques Gomes, de 50 anos, morreu na noite da última sexta-feira (17), na emergência do Hospital Beneficência Portuguesa, em Araraquara. A cidade está em estado de epidemia há mais de um mês e soma mais de 5 mil casos da doença.
De acordo com a filha da vítima, a decoradora Marcela Neves Duzi, 23, na última quarta-feira (15), a mãe começou a sentir fortes pelo corpo e na cabeça, seguidas de febre alta.
“Pelos sintomas, logo desconfiei que pudesse ser dengue mas, ela acreditava que poderia ser uma gripe qualquer que ela teria pego da minha irmã que estava gripada e, resolveu esperar até o dia seguinte para ir ao hospital”, conta Marcela.
Na quinta-feira (16) pela manhã, Maria Clara foi até o ginecologista com quem tinha consulta marcada. Ao chegar no consultório, com a filha de 16 anos, ela começou a se sentir mal. Estava com ânsia, pressão arterial baixa e muito fraca. O médico resolveu levá-la de ambulância para a emergência do hospital.
“O médico plantonista que nos atendeu disse que, pela situação das plaquetas apresentada nos exames, ela estaria no segundo dia da doença, mas ela estava muito fraca e precisava ficar atenta”, explica a decoradora. Após permanecer quase 12 horas em observação, Maria Clara recebeu alta no final da noite e voltou para casa com família.
Na sexta-feira (17), ela acordou ainda mais fraca e pediu para que a filha e o marido a levassem de volta ao hospital. “Eu tentei medir a pressão dela em casa, mas estava tão baixa que o aparelho nem marcava”, completa.
De volta ao hospital, a a nutricionista foi medicada com soro e os médicos acharam melhor deixá-la internada até se recuperar. No início da noite, já no quarto e na companhia do marido, Maria Clara ficou inconsciente e, na sequência, morreu.
“Depois que meu pai me ligou, corri para o hospital, mas fui impedida pelos enfermeiros de entrar no quarto. Pelo vão da porta pude ver o médico tentando reanimá-la. Foram 43 minutos, mas eles não conseguiram”, lembra Marcela.
Ainda segundo a filha, o médico não soube informar à família o que aconteceu. “Ele mesmo estava inconformado. Nos disse que ela vomitou muito e depois parou de respirar”, completa.
No atestado de óbito, o médico Gabriel Vieira Coelho constatou que Maria Clara morreu devido a uma parada respiratória e dengue. Semanas atrás, segundo a família, ela passou por exames de rotina e tudo estava normal, ou seja, não havia agravantes para a doença. A nutricionista nunca havia contraído dengue antes. 
A família, que mora na Rua Doutor Arlindo Soares de Azevedo, no Santana, desconhece qualquer medida preventiva realizada pela Prefeitura no bairro. “Nós temos consciência, mas, e nossos vizinhos?” contesta Marcela.
Durante velório, um sobrinho de Maria Clara, de 16 anos, começou a apresentar os sintomas etambém foi detectado com a doença. “Estamos preocupados. Depois do que aconteceu com a minhã mãe todos estamos em cima dele, com medo. Nós vimos que a dengue não é qualquer doença e não pode mais ser tratada como está sendo, como brincadeira”, diz.
O OUTRO LADO - No hospital, a enfermeira Monike de Oliveira Santana, que atendeu Maria Clara, disse a família recusou o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), que poderia reforçar o laudo atestado pelo médico e por isso era difícil dizer com certeza que a nutricionista teve morte provocada pela doença. Porém, o quadro de desidratação elevada e as plaquetas baixas podem ter provocado a parada respiratória.

A assessoria de imprensa do Hospital Beneficência Portuguesa e o médico que assinou o atestado de óbito foram procurados para se pronunciar sobre o assunto, no entanto, não se manifestaram. A Prefeitura informou não ter recebido nenhuma notificação oficial sobre o caso e que deve pedir a avaliação do Instituto Adolfo Lutz. Até agora, a cidade possui um caso confirmado de morte por dengue e o resultado sobre a causa da morte da nutricionista deve chegar em 20 dias.
(Colaborou Daiane Bombarda)

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