(Marcos Leandro/ Tribuna Araraquara)

Do- araraquara.com

Motociclistas afirmam que faixa fica escorregadia na chuva; assunto movimentou redes sociais depois de acidente fatal


Alvo de fortes críticas nos últimos dias nas redes sociais e nas ruas de Araraquara, a faixa de pedestres com pintura complementar azul está em desacordo com o Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
O órgão afirma, em nota à Tribuna, que a cor da pintura deve ser apenas branca e que o fato precisa ser comunicado ao Cetran (Conselho Estadual de Trânsito), pois a ele compete fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito.
O assunto voltou à tona após o acidente que matou Felipe Prestes Nunes, de 22 anos, no Centro, na sexta-feira. Um vídeo mostra que, depois de um caminhão passar o sinal de “pare”, o motociclista teria escorregado ao tentar frear em cima da faixa.
Mototaxistas de Araraquara reforçam as críticas à faixa colorida. “Se seca ela já escorrega, imagine molhada. Se frear, vai para o chão. Se virar rápido, também. Tem que tirar todas”, diz Gelsimar Vieira da Silva, 43.
“A faixa é lisa, não podemos frear nela. Se chover, é um sabão. Temos que tomar cuidado”, afirma Evandro Balbino da Costa, 36.
MAIS RISCO
José Bernardes Felex, especialista em trânsito e transportes e professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo), assistiu ao vídeo e afirma que a faixa azul contribuiu para a derrapagem.
“Essa faixa coloca, efetivamente, um risco a mais a pedestres e motoristas, polui visualmente e é um capricho que vai dinheiro”, analisa.
Segundo Felex, o modelo de faixa pintada é muito discutido entre os órgãos de trânsito. “Há uma discussão muito ampla sobre a utilidade dessa faixa complementar em um conselho do Denatran. Usar essa faixa exige uma técnica que torne a superfície não lisa.”
Essa técnica, de acordo com o especialista, consiste em acrescentar microesferas de vidro especiais antes de a tinta secar. “Isso faz com que não fique tão liso, reflita a luz à noite e aumente a durabilidade da faixa. Mas a técnica não é muito utilizada no Interior do Estado de São Paulo.”
OUTRO LADO
Para o coordenador de Mobilidade Urbana, Coca Ferraz, a faixa de pedestres não foi a responsável pela morte do motociclista, e, sim, a pouca distância entre ele e o caminhão.
Segundo seus cálculos, Felipe percorreu 13 metros entre o tempo de ver o caminhão atravessar a frente e ter o reflexo de frear o veículo.
Sobre o escorregão, Coca discorda dos motociclistas. “A faixa azul tem o mesmo material da branca e possui as microesferas de vidro. Na chuva, o próprio asfalto também fica liso. Ele iria escorregar de qualquer jeito”, completa.


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