Do G1.com
Após quase 15 horas de duração, a Câmara Municipal de Boa Esperança do Sul (SP) decidiu, por unanimidade, cassar o cargo do prefeito Edinho Raminelli (PT). A sessão no sábado (13), que teve início por volta das 9h só terminou 23h40. Com a decisão, o vice-prefeito José Manoel de Souza (PP) assumiu como prefeito. Durante a madrugada deste domingo (14), ele registrou um boletim de ocorrência já que a chave oficial do prédio da prefeitura não foi encontrada. O prefeito cassado infomou que vai recorrer da decisão.Ao todo foram 8 votos a favor e nenhum contra a cassação. A investigação da comissão apontou irregularidades envolvendo empresas que deveriam ter feito serviços na cidade, mas cujos contratos não saíram do papel.
Uma das empresas recebeu R$ 74,2 mil  para elaborar o plano municipal  de educação, mas não houve comprovação de que o serviço não foi realizado.  A mesma empresa também recebeu R$ 78,5 mil e não prestou os serviços de consultoria e assessoria em tecnologia da informação.
O vereador Márcio Benedito dos Santos (PT), que não compareceu, foi procurado, mas não foi encontrado. Ele já foi notificado pela Câmara e deve justificar a sua falta nessa semana.
Segundo o presidente da Câmara, Antônio Donizete Laverde (PSDB), após o fim da sessão, foi feito um contato telefônico para o ex-prefeito, que não compareceu para a leitura do relatório, para que fosse entregue a chave da prefeitura para o novo prefeito, mas ele informou que não estava com ela.
Com isso, foi feito contato com o secretário de Governo, Antônio Carlos Dourado, que também informou que não tinha a chave da Prefeitura. Por volta de 1h40, Souza registrou um boletim de ocorrência pela falta da chave.
A Comissão Processante da Câmara passou o sábado (13) lendo o relatório que investigou as denúncias. Antes de começar a leitura do relatório, o presidente da Câmara, Antônio Donizete Laverde (PSDB), suspendeu a sessão por 15 minutos para aguardar a chegada do prefeito, mas ele e o advogado de defesa não compareceram. Então um outro advogado, Augusto Marques da Silva Neto, foi nomeado pra representar o acusado durante a sessão.
Depois de outros 15 minutos de pausa, finalmente a leitura começou. Os vereadores demoraram mais de nove horas, sem parar para o almoço. Para isso, eles tiveram que se revezar e não leram o documento todo, que tem mais de 5 mil páginas.
A sessão deveria ter acontecido na última quarta-feira (10), mas o prefeito conseguiu uma liminarno Tribunal de Justiça de São Paulo que suspendeu a leitura do relatório. No mesmo dia, o presidente da comissão fez um pedido junto ao tribunal para reconsiderar a decisão e a desembargadora Isabel Cogan revogou a liminar e permitiu que a sessão acontecesse neste sábado. "A comissão entendeu desnecessário o pedido de perícia e haja vista que foi respeitado o devido processo legal e o direito de ampla defesa, foi com base nisso que conseguimos derrubar a liminar que o prefeito tinha conseguido", explicou o presidente da Câmara.
Explosivos
No último mês, a cidade de Boa Esperança do Sul registrou dois atentados com bombas caseiras que são investigados pela Polícia Civil e que podem ter motivação política. Um deles aconteceu emfrente à casa de uma vereadora e outro no prédio da Câmara Municipal.

Após a primeira explosão, a vereadora Cidinha Romano (PT) afirmou ao G1 que suspeitava que o prefeito pudesse estar por trás do ato, mas Raminelli negou a ligação e afirmou que estava tranquilo quanto ao resultado da comissão, pois tudo haveria sido feito legalmente.
Segunda cassação de cargo
Boa Esperança do Sul teve a segunda cassação de prefeito em menos de 2 anos. Candidato à reeleição em 2012, Jaime Fortino Benassi (PMDB), o Jaiminho, obteve 56,28% dos votos, mas seu registro foi cassado em dezembro do mesmo ano por conduta vedada a agente público em campanha eleitoral. Entre as ações irregulares do ex-prefeito, apontadas pelo TRE, estão o apoio a um show gratuito, aquisição de cestas básicas para a população e empréstimos de ônibus municipais para eventos sociais.
Novas eleições foram marcadas para agosto de 2013, quando Edinho Raminelli (PT) foi eleito prefeito com 4.660 votos, o que equivale a 57,14% do total de votos válidos. Marcão Rosim (PPS), que também concorreu à eleição, ficou em segundo lugar com 3.495 votos, o que corresponde a 42,86% dos votos válidos

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