Supeito ? - WhatsApp



 A  época   1970 , cara cheia de espinhas, magro e naquele tempo aos 13 anos ja era para estar estudando e trabalhando, confesso que a segunda opção não me agradava muito.
 Já andava atras do rabo de saia e as meninas não trabalhavam e eu ja gostava de namorar.
O  negócio era procurar emprego.  Uma dificuldade tamanha de conseguir o dinheiro para o ônibus, a mãe dava aquele dinheiro com dor no coração e torcia para dar certo. Conseguir um trabalho e trazer o envelope de pagamento fechado dia dez, de todos os meses.
Sair de casa pela manhã, comprar um jornal  no Largo de Pinheiros e torcer, no meu caso louco por um trabalho de  auxiliar de escritório ou na pior das hipóteses boy.
 Trabalhar em fábrica não dava muito ibope com as meninas.  Conseguir trabalho naquela época era muito difícil, parecia com os dias que estamos vivendo hoje é só dar uma olhada nos sites de noticias.
Mas um dia estando na Rua Coselheiro Crispiniano  tive a esperança de trabalhar em um escritório, afinal já tinha o curso de datilografia e estava no ginásio, era o suficiente para fugir das fábricas na região da Leopoldina e ao mesmo tempo tirar onda com os colegas " peões"
Feito a ficha  e um teste de velocidade na máquina de escrever   aguardar a chamada ou telefonar dias depois.

Telefonar é ai que a coisa fica meio difícil.  Até hoje me lembro do número- 32-65-31- vou ligar como ? nunca havia pego um telefona na vida.
 Na sorveteria do japonês, na Av Prestes Maia, perto de casa, tinha um telefone, juro que  era preto e tinha uma  manivela.  Mas lembrei que a mãe do Carlos, na mesma  avenida e defronte da casada tia Lúcia, tinha um telefone, era o único telefone residencial  num raio de centenas  de quarteirões, nem a italiana dona Pierina, mãe da Arcádia tinha telefone, eles, os Gasperones,  vieram da Itália e o marido da Pierina era chique, trabalhava na Kibom, em Santo Amaro.
Muito sem jeito fui até a casa do Carlos e pedi para a mãe dele me deixar usar o telefone para saber da vaga na Conselheiro Crispiniano,  com simpatia deixou.  O telefone era preto e grande.
Quando coloquei aquilo na orelha e veio   sinal de linha, quase tive um troço, caramba como doía   meu  ouvido "virgem".  

Apesar de toda a boa vontade,  nada deu certo. Só dava ocupado e meu ouvido estava já doendo de tanto barulho. Hoje uso fones 4 horas por dia em volume irresponsável.

Então foi o meu  primeiro contato com telecomunicação moderna.

Hoje tenho tudo ou quase tudo que todos tem. 

Minha profissão exige que esteja sempre "ligado" e tenho feito o que posso, mesmo apanhando mais do que uma criança de 4 anos, Tablet´s, Smart´s, etc.
 Hoje o WhatsApp  me fez, talvez ,  maior mal de 38 anos de Rádio. Hoje  eu "morri" pela primeira vez. 
Morri   porque minha profissão é minha vida.
Estou aqui, sentado, num ACER- intel Core- I7, caro para caramba. Temos também um Galáxie, mais  dois   tablet´s e mais um celular e por conta de tudo  três números de WhatsApp.
Dois vão comigo para a Clube e para tudo quanto é lugar.

Uso  o face para espalhar  ao  máximo possível o número que chamo, carinhosamente, de Zap Zap. Quero que os ouvintes tenham facilidade de acesso ao meu programa, tem dado um bom resultado.

Durante o programa, fico a olhar o computador da bancada , o zap zap e ainda o meu celular  que também é zap, zap.

Quem estiver sendo entrevistado  vai ter minha atenção, afinal  é muito importante para o meu programa, mas tenho que, ao mesmo tempo, olhar  de onde as pessoas estão nos procurando, assim o entrevistado já fica sabendo, no mesmo instante,  a repercussão do assunto em  pauta.
As vezes  pode  parecer que não estou dando importância ao visitante, muito pelo contrário ! e aí que dou valor ao tal de WhatsApp.

Hoje,  por não dar bola ao  WhatsApp, deixei de comentar como o Vice- Reitor da UFSCAr
PROF. DR. ADILSON DE OLIVEIRA   a participação ,importante , do pessoal  da Economia Solidária, que tinha  tudo a ver com a entrevista.

E o danado do   WhatsApp, justo ele, me deu o pior dia profissional da minha carreira.
Alguém disse a uma colega que nunca mais vai ao meu estúdio, pois teria dito que eu só fico no zap zap.
 Bem morrer morrer de verdade não  morri, mas estou um trapo, um bagaço. Jamais em tempo algum, deixaria de dar o real valor a um entrevistado.

A colega tenta de todas as formas levantar minha autoconfiança, mas juro, vai ser muito difícil, talvez, nunca mais seja o mesmo. É verdade hoje eu "morri" pela primeira vez.

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