A manhã de hoje foi, quase, comum. Marilda me acorda, insiste para que eu levante e me diz que "já são tantas horas". Como não levantava ela  puxa a coberta, abre a janela do quarto e o Sol me expulsa da cama. Até aí normal, a diferença está na minha preocupação com a voz que não anda boa por conta de uma forte gripe que minha mulher  insiste ser do ar condicionado do carro.
Banho, café da manhã , mesmo não gostando  muito, sou obrigado a tomar uma  xícara de leite quente. Após o café vou  para o computador e preparar algo para abrir o programa, editorial.
Saio de casa , sempre, em cima da hora e faço o mesmo trajeto, levar Marilda até a Vila Prado, casa da  sogra, ops ! da cunhada, hoje faz exatamente um mês que Dona Helena se foi.
Tipo 8h10 saio às pressas da Vila mais amada de São Carlos e vou  para a Torre.
Chegando ao centro começa o martírio em busca de uma vaga para estacionar, Rony Silva me conta que as 4h45 da madrugada já tem dificuldade para estacionar. Carro estacionado, bora subir para o estúdio e encontrar Carlinhos Oliveira, meu produtor , e dele receber as orientações  para o programa do dia. Um rápido bate papo, afinal estou sempre atrasado, falamos um pouco de política, futebol, ele Corintiano  chato, sempre a favor dos juízes. Discutimos sobre a pauta do dia e nem me dou conta de que as vezes Jotinha  ja está entrando na sala , sinal de que tenho que ir para o microfone. Um aperto de mão no cara que é um dos melhores amigos e parceirão, Rony ,e bora abrir a boca para alegria de uns e desespero de outros.
Bem, seria o comum dos meus dias se hoje não fosse o trigésimo dia do falecimento da Vó Helena. Já sabia que o dia não seria fácil, que lágrimas rolariam e veria minha mulher, cunhadas, cunhados e sobrinhos lembrando daquela que foi, talvez, uma das mulheres mais importantes da minha vida, minha sogra Dona Helena Martins Pereira.
A presença dela em minha vida me transformou, me fez ver coisas que nunca tinha prestado atenção, foi nela que vi o verdadeiro amor, o INCONDICIONAL. Ela tinha um caráter que as vezes me deixava envergonhado de tantos  erros cometidos por egoísmo.
Após vários compromissos à tarde e vendo, na casa da cunhada Marisa, praticamente  todos com uma forte gripe, um deles com pneumonia , ficamos eu e Marilda a espera de voltarem do médico para irmos à Paróquia de Santo Antonio, missa de mês da Avó.
Quem tem cunhada sabe que, nunca chegará na hora certa em qualquer compromisso, sempre vai haver um problema com horário, as minhas não são diferentes. Chegaram é  o momento de irmos a Igreja, saindo do meio do quarteirão da Trav 9 até a Trav 5 e de carro, culpa das cunhadas dava para ir a pé se não fosse a costumeira enrolação.
Chegamos na Igreja, o amigo Padre Márcio ja estava começando os trabalhos . Nos sentamos todos nos mesmo banco.  Eu na ponta, Marilda, Leide e Heleninha ( aquela que só me atrasa) e vamos participar da Missa.
Quando estou em uma Igreja o que mais me preocupa é o sentimento que estou tendo ali dentro e confesso que demora para que o coração chegue a amolecer e deixar entrar o sentimento bom de estar na casa de Deus. 
De onde estava não tirava os olhos do Padre Marcio,  prestava a atenção no que ele falava e ficava pensando " cadê o sentimento de estar na casa de Deus ? " e assim fiquei até o momento da consagração da  Hóstia, me ajoelhei e fui "conversar" com a Vó. Disse a ela o quão importante foi em minha vida, pedia para Deus me dar um pouco da compreensão que ela tinha e o que mais me maltrata;  o egoísmo. Pedi a Dona Helena que levasse embora da minha vida esse mal que muito me deixa mal, disse  o quanto eu a amava e admirava e também lembrei da visão, linda, que tive na dia da cirurgia dela, foi ai que o sentimento veio, então me dei por feliz, pois o coração havia amolecido. Todos se levantaram, eu também, com os olhos ja marejados.
Teve um momento na Missa que o Padre nos pediu para colocar na mão direita   objetos para que ele "benzesse" , demorei a entender e Marilda me chamou a atenção que era para botar a chave do carro na mão direita.
Depois da oração o Padre pega aspersório (ASPERGES: Utilizado para aspergir o povo com água-benta. Também conhecido pelos nomes de aspergil ou aspersório.) e começa la no altar com as pessoas que o ajudam a realizar a Missa e logo após sai pelos corredores fazendo o mesmo com todas as pessoas.  Saiu pelo corredor central, foi até o fundo e voltou  pelo corredor lateral norte,  todos olhavam onde o Padre ia e foi ai que nasceu o título deste artigo,
" VOU CONTAR PARA O BISPO "  no caminho jogando água benta nas pessoas o padre se depara com um guri de mais ou menos uns 6 ou 7 anos,  para jogar água benta e faz o  Sinal da Cruz na testa dele  usando o polegar direito ,da mesa forma que faz no batismo, ai eu chorei, disfarçadamente mas chorei.

O gesto, que deve ser tão comum aos Padres mexeu com meu sentimento e me fez lembrar que certa vez Marilda me disse que ;  via no Padre Marcio algo diferente, especial,  uma luz não comum às pessoas, que ele tem algo a mais na sua ligação com o Criador.

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